Gilmar Olarte diz que inspiraem princípios evangélicos para fazer administração ética e transparente
Gilmar Antunes Olarte (PP), o atual prefeito de Campo Grande, tem 43 anos, é pastor evangélico, empresário e radialista. Natural de Aquidauanaé casado com Andréia Nunes ZanelatoOlarte e tem dois filhos: Eloá e Higor. Pós-graduado pela Uniderp em Gestão Pública, Olarte é um dos fundadores da Igreja Assembleia de Deus Nova Aliança, em Campo Grande.É Filho de EvaldoAndré Olarte e Berenice Antunes Olarte.
Em 2007 Gilmar Olarte assumiu a vaga de vereador na Câmara Municipal da Capital. Ele era suplente de Rinaldo Modesto (PSDB), atual deputado estadual. É Filiado ao PP desde 2006.
Nesta entrevista o primeiro pastor evangélico prefeito de Campo Grande fala sobre seus planos para administrar uma capital que está próxima de chegar a 1 milhão de habitantes.
O Batista – Assim que tomou posse como prefeito o senhor apresentou, em coletiva de imprensa, um diagnóstico contendo as perdas e prejuízos ao erário público resultantes de trabalho equivocado do seu antecessor. Conforme o levantamento, R$ 193 milhões poderiam ter sido investidos em obras e programas sociais no ano de 2013, mas foram travados pela gestão anterior, afetando negativamente milhares de cidadãos.
Como o senhor pretende recuperar esse prejuízo? É possível reverter a situação?
Olarte – Em nossos levantamentos a execução orçamentária em relação ao orçado no período de 2009 a 2012 foram de 95% ao ano. Em 2013 a execução orçamentária caiu para 84%. Ainda em 2013 a execução dos investimentos, comparados com a de 2012 foram executados a menor. Esta diferença foi de R$ 197,7 milhões. Para retomar aos patamares anteriores de 2012, serão necessários de dois a três anos de trabalho.
Estamos trabalhando uma nova realidade no orçamento com eficiência administrativa com efetiva entrada dos recursos. Antes entrava recursos e não se aplicava com execução de serviços. Vamos melhorar a receita com trabalho de gerenciamento administrativo e com apoio de programas financiados pelo governo federal.
O Batista – O Ministério das Cidades tem sido um dos grandes parceiros da prefeitura de Campo Grande, gerenciando recursos do PAC. Informações recentes dão conta que Campo Grande estaria correndo risco de perder investimentos importantes nessa área por falta de projetos. A atual administração tem uma posição a respeito?
Olarte– Fizemos um esforço, com apoio da nossa equipe, fomos a Brasília, mantivemos contatos com os Ministérios e não há mais risco de perda de recursos. A Prefeitura está fazendo a sua parte:acelerando as licenças ambientais, encaminhando os processos de desapropriação e garantimos os recursos da contrapartida. Estamos assinando com a Caixa Econômica Federal um financiamento de R$ 311 milhões para executar 400 km de pavimentação. O projeto da mobilidade urbana será iniciado com o recapeamento da Avenida Bandeirante.
O Batista – O prefeito tem falado que a SAS terá um papel fundamental no atendimento à população carente. Em que situação estava essa secretaria quando o senhor assumiu a Prefeitura e quais as propostas para um atendimento de melhor qualidade? Na sua visão, quais ações efetivas as igrejas evangélicas podem assumir no papel de transformação do cenário social de Campo Grande?
Olarte – De imediato assinamos convênio com entidades para o repasse de recursos na ordem de R$ 8,9 milhões; reestruturação do Centro de Triagem e Encaminhamento ao Migrante (Cetremi) e das equipes de trabalho; estamos recuperando a frota veículos que encontramos sucateada; estamos promovendo os cursos de geração de renda coordenados pela Divisão de Inclusão Produtiva da Secretaria, bem como os cursos oferecidos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC; retomamos o Programa Nacional de Enfrentamento ao crack e melhoramos o atendimento do cadastro único para que as famílias continuem sendo atendidas por meio do programa Bolsa Família.
O Batista – A saúde pública anda mal em Campo Grande, apesar de ser área prioritária. Como sua administração pretende realizar o trabalho de colocar a saúde municipal em condições de atender a população com qualidade e dignidade?
Olarte– Quando assumi a Prefeitura de Campo Grande a real situação da saúde era considerada “em coma”, determinei ao secretário de Saúde Pública, Dr. Jamal Salem, de agilizar três prioridades: reformar o Samu, contratar mais médicos e aumentar o estoque de medicamentos. Entre as prioridades, essas são as mais relevantes.
Já foram contratados 81 médicos, que passaram por processo seletivo e mais 119 serão convocados, isso para completar a necessidade da saúde em ter mais 200 médicos na rede, sendo que cada unidade 24h deverá ter dez plantonistas, cinco pediatras e cinco clínicos gerais.
O Samu, que atuava com cinco ambulâncias, hoje conta com 11, e mais nove estão para conserto. Outras cinco novas ambulâncias, doadas pelo Ministério da Saúde por intermédio de Olarte, devem chegar à Capital em um prazo de 60 dias.
Quanto aos medicamentos, já foi encaminhado o protocolo de intenções para R$500 mil em compra de medicamentos, junto ao Governo do Estado.
A fila de espera por exames de radiografia, que chegava perto de 18 mil já está diminuindo, pois está sendo feita uma força tarefa aos finais de semana para dar celeridade na realização desses exames e diminuir a demanda reprimida.
Aparelhos de mamografia estavam parados há pelo menos sete meses passaram por manutenção e, com isso, a saúde não tem demanda reprimida para o exame. Em menos de dez dias já é possível marcar atendimento para essa demanda.
Os convênios também estavam parados esperando apenas por deliberação. Veículo adaptado já foi entregue à Apae, termos de cooperação mútua, que estavam encalhados, já foram assinados. Tudo isso para dar celeridade no atendimento de qualidade que os campo-grandenses merecem.
O Batista – O senhor é o primeiro prefeito realmente evangélico de Campo Grande. De que forma essa condição de pastor evangélico deverá refletir na administração pública da Capital de MS? Como o senhor pretende conduzir essas duas vertentes antagônicas – pastor evangélico e prefeito da cidade?
Olarte – Vou administrar a cidade como gestor para atender à todos os segmentos sociais, independente de convicções políticas, filosóficas ou religiosas. Agirei como pastor, no sentido de trabalhar para atender e cuidar de pessoas, sem abrir mão dos meus princípios religiosos.
O Batista – Sabemos que o senhor não governará somente para os evangélicos. Como conciliar o exercício da fé com uma administração pública abrangente e inclusiva?
Olarte – Minhas convicções não são incompatíveis com meu trabalho de homem público. Pelo contrário, inspiro nestes princípios para fazer uma administração ética, transparente, com absoluto rigor na aplicação de cada centavo do dinheiro público.
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