“Cristo é a base para uma sociedade feliz”
“Não basta o Brasil crescer economicamente. É preciso crescer espiritualmente no relacionamento com Deus. O senhorio de Cristo na vida de uma pessoa é a base para uma sociedade feliz”. Com estas palavras, o diretor executivo da Junta de Missões Nacionais, pastor Fernando Brandão, sintetiza o tema da nova campanha da JMN. De forma muito gentil, o pastor Fernando Brandão concedeu esta entrevista exclusiva a O Jornal Batista, na qual fala de algumas vitórias dos batistas brasileiros no país – como a construção do novo Lar F. F. Soren e os resultados das últimas Trans – e compartilha os desafios futuros que já podem ser vislumbrados, como a ampliação do trabalho junto a pessoas em risco social. Que neste domingo, no qual os batistas brasileiros comemoram a obra de Missões Nacionais, você possa celebrar as vitórias alcançadas até aqui, conhecer os desafios existentes e refletir sobre o desejo de Deus para a sua vida, de forma a contribuir para que o Brasil possa se tornar um país verdadeiramente feliz.
O Jornal Batista – Pastor Fernando Brandão, o que falta para o Brasil ser um país verdadeiramente feliz? Por que?
Pastor Fernando Brandão – Falta Cristo Jesus como Senhor e Salvador de cada brasileiro. O conceito de felicidade é muito pessoal. Entretanto, a verdadeira felicidade, que suporta os momentos mais difíceis da vida e dura para sempre, só pode ser encontrada em Cristo. Eu conheci um homem no sertão nordestino que vivia numa casinha muito simples, privado de qualquer conforto da vida moderna. No final da visita, olhando em seus olhos, eu o perguntei se ele era realmente um homem feliz. Com um sorriso simples e um olhar de espanto me disse: “Pastor, eu sou o homem mais feliz do mundo, pois desde que Jesus entrou no meu coração e no da minha mulher Ele se tornou nosso Senhor e Salvador, também mora aqui em casa com as crianças (4 filhos)”. A casa era de chão batido e não tinha luz elétrica, mas tinha a luz da vida e irradiava alegria no ambiente. Tinha paz, esperança e felicidade. A perspectiva de vida daquele homem mudou completamente em todos os aspectos, pois o seu referencial passou a ser o Filho de Deus. Ele tinha apenas seis meses de conversão, mas já experimentava um completo processo de transformação em todas as áreas de sua vida. Não importa se a pessoa seja rica, pobre, jovem, criança, idosa, viva na zona rural ou urbana, more num barraco ou numa mansão, todos têm o mesmo vazio espiritual e precisam ter uma experiência pessoal com Deus. O poder transformador de Cristo na vida de uma pessoa é extraordinário, um verdadeiro milagre. Não basta o Brasil crescer economicamente. É preciso crescer espiritualmente no relacionamento com Deus. O senhorio de Cristo na vida de uma pessoa é a base para uma sociedade feliz.
OJB – Que ações Missões Nacionais está propondo às igrejas para permitir que o Brasil se torne um país verdadeiramente feliz?
Pastor Fernando – É preciso avançar. A luz precisa brilhar no meio das trevas. Precisamos plantar igrejas multiplicadoras em muitos lugares em todo o país. Precisamos sair dos templos para evangelizar e discipular. A igreja (os crentes) está com cheiro de domingo, mas ela precisa ter cheiro da seara, cheiro do campo. A nossa missão é fazer discípulos que adorem, sirvam e proclamem Cristo. A proposta de Missões Nacionais é multiplicadora. As igrejas precisam se multiplicar para alcançar cada pessoa com o Evangelho em todos os lugares deste país. O número de discípulos fiéis ao Senhor precisa crescer para abençoar esta nação. A igreja são os crentes. Os crentes são templos do Espírito Santo. Portanto, nós, igreja do Senhor Jesus, temos o poder espiritual para transformar o Brasil num país verdadeiramente feliz.
OJB – Neste momento, no qual Missões Nacionais lança uma nova campanha, quais os principais desafios que se apresentam?
Pastor Fernando – Os desafios são enormes. As drogas se proliferaram de tal maneira que se tornaram numa pandemia. Hoje temos centenas de cracolândias em todo o Brasil. É extremamente complexo e desafiador iniciar projetos missionários nestas áreas, principalmente porque o custo é muito alto e são poucos os obreiros preparados para este tipo de trabalho. Desenvolver projetos que alcancem adolescentes e jovens para preveni-los contra as drogas é outro grande desafio. O número de cidades e bairros que precisam de novas igrejas também representa um gigante para Missões Nacionais, especialmente regiões como o sul do Brasil, São Paulo, Minas Gerais e outros estados do norte e nordeste. Alcançar os grupos étnicos em todo o país será um dos principais desafios para os próximos anos. Ainda temos muitas tribos indígenas que não foram alcançadas. Também temos povos de muitas nações vivendo no país e que representam uma excelente oportunidade de evangelização e plantação de igrejas multiplicadoras. As crianças que são vitimas de abuso sexual, prostituição infantil e maus-tratos também representam outro grande desafio social. Este ano inauguramos o novo Lar Batista F. F. Soren, mas ainda é muito pouco diante da grande demanda. Outro aspecto no cenário de desafios é o avanço dos espíritas, mórmons, mulçumanos, etc. Eles não estão brincando. Estão trabalhando focados no objetivo de crescer exponencialmente em todo o Brasil.
OJB – Missões Nacionais não tem apenas pregado o Evangelho com palavras, mas o tem promovido com “compaixão e graça”. Quais as mudanças realizadas para que isto fosse possível e quais as consequências desta inciativa?
Pastor Fernando – A principal mudança foi de visão. Não podemos pregar o Evangelho somente na perspectiva de crescimento da igreja. A pregação do Evangelho deve ser integral. Isso representa responsabilidade social. A expansão missionária precisa enfrentar também os desafios sociais. Gostaria de citar o exemplo da Missão Batista Cristolândia, em São Paulo. Há pouco mais de um ano iniciamos no centro de São Paulo um projeto missionário para alcançar pessoas que vivem nas drogas diariamente e se tornaram o lixo da sociedade. O projeto é caro e complexo, mas os resultados são extraordinários e contundentes. Recentemente, após a conversão e um período de recuperação, várias pessoas que viviam na cracolândia foram batizadas. Os testemunhos são de arrepiar. Um deles disse na profissão de fé que vivia no lixo, comia lixo, mas Jesus o transformou e agora ele podia se sentar à mesa com o Rei Jesus. Outro disse que vivia na cracolândia há 27 anos e já não tinha mais nenhuma esperança, mas agora Cristo o transformou completamente. Um jovem testemunhou que usava drogas 24 horas por dia, 7 dias por semana, e chegou a pesar 46 quilos. Era um zumbi, mas agora vive em Cristo Jesus. As pessoas chegam à Missão Cristolândia totalmente destruídas e sem esperança. Alguns já estão trabalhando no projeto e ajudando a recuperar outros. O mais interessante é que temos 5 irmãos “ex-cracolândias” que estão se preparando para atuar no Radical Brasil. Ou seja, a cracolândia está se tornando uma celeiro de missionários. O projeto tem sido tão impactante que o padre de uma paróquia em São Paulo vai ao culto da Missão Batista Cristolândia diariamente e sempre leva algum alimento para ajudar no projeto. É importante ressaltar também que muitas igrejas batistas, associações e convenções estaduais estão nos apoiando neste e em outros projetos com dependentes químicos. Entretanto, ainda temos muito a fazer. Infelizmente, os recursos humanos e financeiros ainda estão muito aquém da necessidade. Gostaríamos de ter uma Missão Cristolândia em cada cracolândia deste país. Espero que nesta campanha tenhamos mais recursos para investir em novos projetos, pois uma alma vale mais que o mundo inteiro. Convido cada igreja batista a levantar uma grande oferta para Missões Nacionais nesta campanha, pois isso nos permitirá avançar muito mais.
OJB – Na sua opinião, o que significou a construção do novo Lar F. F. Soren? Quais os próximos desafios de Missões Nacionais na área social?
Pastor Fernando – A construção do Lar F. F. Soren representou uma grande vitória para todos os batistas. O lar foi construído com recursos dos batistas brasileiros. As ofertas vieram de todo o Brasil. Foi maravilhoso ver a mobilização em todo o país para que o Lar fosse construído. Graças a Deus e ao trabalho dos voluntários a construção ficou de altíssimo padrão e com baixo custo. Para as crianças representou a oportunidades de sonhar novos sonhos. O novo lar oferece condições bem melhores do que tínhamos em Itacajá. A sociedade, conforme matéria publicada pela afiliada da Rede Globo no Tocantins (e disponível no portal batista – www.batistas.com), conta com um local no qual as crianças em vulnerabilidade social poderão ser acolhidas com dignidade.
OJB – Qual a sua avaliação das Trans? O que fazer para melhorar um trabalho que tem alcançado resultados tão significativos nos últimos anos?
Pastor Fernando – A operação Jesus Transforma tem sido uma grande bênção na proclamação do Evangelho. Este ano tivemos mais de 4.500 pessoas envolvidas em 13 Trans. Milhares de pessoas foram evangelizadas e discipuladas. Tivemos também muitos batismos e o início de 45 novas frentes missionárias. O despertar de vocações também tem sido algo impressionante durante as Trans. A parceira com as convenções estaduais na realização das Trans é também uma grande bênção. A prática de Missões Nacionais era realizar uma Trans por ano, porém a cada ano estamos aumentando o número de Trans. A logística de uma Trans envolve muito trabalho e muitos recursos. Estamos experimentando melhoria em todo o processo a cada ano. Porém, ainda precisamos melhorar alguns aspectos como a divulgação e a mobilização de voluntários e recursos. As igrejas precisam enviar mais voluntários, pois eles, quando retornam da Trans, serão uma bênção para a própria igreja. Outro aspecto de melhoria é conscientizar todos os voluntários de que a evangelização só está completa com o discipulado, que precisa ser iniciado logo em seguida à decisão por Cristo.
OJB – Qual a importância do apoio de outras instituições instituições dos batistas brasileiros para as ações de Missões Nacionais?
Pastor Fernando – Estamos todos juntos na mesma missão: Conquistar a pátria para Cristo. Temos desenvolvido parcerias com todas as instituições da nossa denominação. A JUMOC, por exemplo, realizará o projeto Pés no Arado, em janeiro do próximo ano no estado do Piauí, por sugestão de Missões Nacionais para apoiar as novas frentes missionárias que foram abertas naquele estado. Este ano também tivemos várias reuniões com a nossa co-irmã Missões Mundiais para tratar de estratégias para alcançar grupos étnicos no Brasil e de outros projetos que estamos trabalhando juntos. Nós batistas temos que caminhar unidos e focados nos objetivos do Reino de Deus. Quanto mais unidos estivermos, melhores e maiores serão os resultados para a glória do Senhor Jesus. As instituições batistas não podem trabalhar isoladas, somos membros do mesmo corpo e trabalhamos para o mesmo Senhor.
FÁBIO AGUIAR LISBOA
Editor de OJB
Fonte: Convenção Batista Brasileira
www.batistas.com
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