Como ter igrejas fortes, saudáveis, efetivas, participantes e influentes em seu meio ambiente? Como ter igrejas que testemunhem um evangelho significativo e vivamente perceptível na vida de seus membros? Como ter uma igreja cujos membros sejam emocionalmente equilibrados, espiritualmente maduros, estudiosos da Palavra de Deus, da sã doutrina; membros que conhecem o mundo presente e suas ideologias, que reagem a esse mundo sem Deus por meio de uma vida consagrada a Deus e à sua Palavra; membros que influenciam o meio ambiente em que vivem, estudam e trabalham como luzeiros, como sal, temperando a vida de modo a serem líderes onde vivem? Como ter uma igreja onde todos conhecem seus dons de serviços, todos discipulam, são seguidos em palavra e vida concreta por seus discípulos como modelos de vida em íntimo relacionamento com Deus; que possuem uma vida piedosa a toda prova? Quem não gostaria de ser membro de uma igreja com esse perfil? Qual pastor em sã consciência de seu ministério não gostaria de conquistar tudo isso para sua igreja? Qual líder de igreja não gostaria de liderar um ministério ou departamento de uma igreja com essas características?
Você pode ter eventos, programas, elaborar estratégias, criar publicidade se valendo das mais atualizadas descobertas de marketing, aplicar modernas técnicas de liderança, descentralizar as decisões de modo a desenvolver empenho colaborativo, mesmo assim, sem conversão, sem oração, sem paixão por relacionamento íntimo com Deus, sem atitude de abnegação aos princípios bíblicos, nada disso poderia se concretizar. Cito isso, pois me parece que muita gente tem confundido Cristianismo apenas com trabalho na igreja. Cristianismo é muito mais, é vida; é relacionamento com Deus, consigo mesmo e com o próximo; é conhecimento bíblico e doutrinário. Trabalho na igreja é resultado de tudo isso. Trabalho na igreja, mesmo com qualidade, sem isso tudo, é apenas um trabalho bem feito, nada mais. Muito empenho será necessário para que tenhamos uma igreja como aquela que mencionamos no início. Mas praticamente nada conseguiremos sem líderes e ministros que tenham uma vida exemplar diante de Deus e dos outros com elevada qualidade; que conheçam de fato a Bíblia, a Teologia; que saibam analisar a cultura presente e os cenários que estão se formando que muito influenciarão a igreja e a vida de seus membros; que ao conhecer estes cenários saibam, com competência bíblica e teológica, encontrar respostas seguras para o povo de Deus; que tenham uma família exemplar; que tenham experiência prática e concreta no ministério; que conheçam e priorizem sua agenda considerando seus dons de serviço; que saibam valorizar o potencial das pessoas; que saibam gerenciar com criatividade e amor conflitos humanos; que tenham equilíbrio emocional; que sejam envolvidos no meio ambiente em que vivem de modo a influenciá-lo por meio de uma vida calcada em princípios cristãos.
Quem não gostaria de ser pastoreado por um ministro com essas qualidades? Qual igreja não gostaria de ter um pastor assim? Qual ovelha não se sentiria acolhida por esse modelo de pastoreio? Só conseguiremos líderes e ministros com essa qualificação quando conseguirmos priorizar a área de educação teológica de nossa denominação; quando tivermos seminários que tenham docentes qualificados com as mesmas características; quando estes mesmos seminários adotarem uma pedagogia integral que objetive não apenas informar, mas formar e transformar seus alunos; quando a teologia e os estudos bíblicos ensinados tenham sido já encarnados na vida de seus professores e professoras; quando os seminários providenciarem espaço para a formação ministerial-prática para seus alunos; quando os currículos dos seminários forem construídos considerando também o “chão da igreja”, a cultura contemporânea que afetará o modo de se viver o evangelho; quando os seminários forem ambiente de piedade, devoção e oração; quando os seminários deixarem de ser trincheiras contra as igrejas, ministério e denominação e passarem a ser formadores de líderes que saibam dialogar com estes ambientes de forma construtiva.
Tudo isso é possível com o MEC ou sem o MEC, nesse ponto, vejo muita discussão passional sem conhecimento das leis e das experiências que têm sido alcançadas na prática.
Mas tudo isso não será possível se continuarmos a criar seminários que pecam na qualidade do ensino; que apenas focalizam a formação seja acadêmica, seja ministerial-prática, mas que desconsideram a qualidade de vida ou mesmo a capacitação de seus professores; que não investem em biblioteca, em qualificação continuada da docência e equipe de funcionários; que lesam seus alunos oferecendo cursos ilegais (falta aqui o exemplo de moral e ética); que oferecem formação descontextualizada; que não proporcionem aos seus alunos condições para a sua formação pessoal, mudança de vida, capacitação para serem não apenas obreiros, mas líderes exemplares; que não possuem matriz curricular (em vez disso “grade” curricular) equilibrada entre a formação acadêmica, ministerial-prática e pessoal. Nos últimos anos temos visto a criação sem critérios de seminários, parece-nos que qualquer pessoa que deseje acaba criando um seminário teológico, sem qualquer necessidade de dar contas à denominação, ao seu futuro e ao futuro das igrejas.
Não podemos mais ficar parados como denominação diante do cenário preocupante pelo qual passa a educação teológica batista no país. Onde chegaremos? Que futuro estamos desejando para nossas igrejas e denominação?
Pr. Lourenço Stelio Rega
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