Discipulado, a maior necessidade da igreja
Resumo da mensagem do Pr. Gilson Breder durante a 66a Assembleia da CBSM
Pr. Gilson Breder
Alguém perguntou a Billy Graham o que ele faria se fosse pastor de uma igreja em nossos dias e obteve a seguinte resposta: “penso que uma das primeiras coisas que faria, seria escolher um pequeno grupo de oito, ou dez, ou doze homens que se reunissem algumas horas toda semana e pagasse o preço! Eu partilharia com eles tudo o que tenho, durante um par de anos. Eu teria assim doze ministros entre os leigos, os quais, por sua vez, poderiam reunir outros oito, dez ou doze homens e ensiná-los”.
O discipulado é uma ordem de Jesus e não apenas uma sugestão d’Ele, e na obediência a esta ordem, a multiplicação dos frutos é apenas um resultado natural e certo. O outro lado desta verdade é que não discipular é pecado. Falar de discipulado e de construir um crescimento saudável na igreja e na denominação, é falar do mesmo assunto. São duas realidades espirituais inseparáveis que tem a ver com a obediência à palavra de Deus e com um custo muito alto. Billy Graham disse: “A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos”.
O Evangelho de João define a palavra discípulo de três maneiras: é um crente que está envolvido com a palavra de Deus de maneira contínua (Jo 8.31), é alguém que dá a sua vida pelos outros (Jo 13.34-35) e alguém que permanece diariamente em uma união frutífera com Cristo (Jo 15.5). Discipulado é um processo dinâmico por meio do qual, discípulos mais experientes transferem suas vidas em Cristo para outros a fim de torná-los também maduros. Essencialmente ligado à missão da igreja, sendo sua principal ferramenta de crescimento, assim, é um processo e não um programa, pois tem início, mas não tem fim.
Evangelizar é comunicar o evangelho; discipular, além de evangelizar, é ensinar como fazê-lo. Muitos batistas sinceros e efetivos não se dispõem ao discipulado porque não sabem como funciona, nunca foram discipulados, não sabem por onde começar, e muito menos, como podem continuar. O ideal bíblico é que a evangelização e o discipulado sejam feitos por todos, mas isso de modo geral, tem sido alterado. O resultado é que o princípio da evangelização tem sido mudado, de “crentecênica”, ou seja, feita por todos, para “pastorcêntrica”, feita apenas pelo pastor, torna-se inevitável mudar a conjugação verbal de: “ide” para “vinde”. Vinde amigo, ouvir o nosso pregador; vinde ver a nossa banda. Jesus quer fazer de cada crente um “pescador de homens” e não apenas um “condutor de peixes” ao templo para serem pescados pelo “pescador oficial” da igreja, que é o pastor. Enquanto mantivermos a evangelização centrada no pastor, substituindo o discipulado bíblico, estaremos transferindo às futuras gerações de crentes uma visão distorcida da ordem de Jesus, além de privá-los do maior privilégio da vida cristã, que é conduzir pessoalmente outras vidas a Cristo e cuidar para que tenham um mínimo de acompanhamento, visando o seu desenvolvimento e reprodução espirituais.
Há uma grande variedade de métodos materiais para a evangelização. Mas o fundamental é que sejam transferíveis, que ao serem utilizados na evangelização de uma pessoa, já estejam entrando em sua vida como um meio dela alcançar a outros. Podemos, e devemos usar planejamento e estratégias para “pescar” pessoas para Jesus, entretanto, temos que orar mais, jejuar mais, e praticar mais, no poder do Espírito Santo. Trata-se de uma busca indispensável para quem quer ser discípulo e, em seguida, para quem quer fazer discípulos. Creio que é fato reconhecido: pessoas cheias do Espírito Santo são pessoas inspiradoras em todos os cenários de sua vida. Seja na busca pessoal a Deus, seja em casa, no trabalho, na igreja, em todo lugar, sem vida no Espírito, tudo se torna essencialmente em viver na “força da carne”. O resultado dispensa comentários.
É tempo oportuno de voltar a obedecer à ordem de fazer discípulos para o Senhor Jesus. Estamos sob Sua ordem, contamos com o Seu Poder, mas precisamos obedecer e buscar a disciplina necessária para começarmos hoje. Se deixarmos para amanhã, isso não acontecerá, porque é ditado que conhecemos: “o amanhã nunca chega”.
Pastor da Primeira Igreja Batista de Campo Grande
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