Em nome dos batistas sul-mato-grossenses, CBSM demonstra gratidão pelo trabalho da missionária
A CBSM prestou justa homenagem à missionária Esther Ergas levando em conta a sua extraordinária contribuição na expansão do Reino de Deus no Mato Grosso uno e posteriormente no Mato Grosso do Sul e considerando, ainda, a sua mudança recente para a cidade de Londrina/PR para ficar próxima de seus familiares.
Para homenageá-la foi preparada uma placa e adquirido um mimo como demonstração da gratidão dos batistas sul-mato-grossenses. A placa e o mimo seriam entregues no culto de despedida na IB Centenário do Povo, onde a missionária é membro.
Contudo, Esther Ergas informou à Convenção que por questão emocional ela não participaria da despedida em sua igreja e também não iria a Dourados participar do culto de gratidão pela vida da missionária Ana Wollerman.
A única alternativa foi agendar uma visita em sua residência, tendo comparecido o professor Ivan Araujo Brandão, presidente da CBSM, acompanhado dos funcionários Geise Dantas Castelo, Anderson Solano Arguelho e Márcia Regina Dias.
A visita ocorreu no dia 12 de dezembro de 2013, tendo o professor Ivan expressado, em nome dos batistas sul-mato-grossenses, a profunda gratidão pela vida e trabalho da missionária. Professor Ivan destacou em sua palavra a excepcional cooperação que recebeu da missionária Esther quando exerceu a função de Secretário Executivo da Associação Sul, e também quando dirigiu o Seminário Teológico Batista Ana Wollerman. Lembrou que os frutos que estão sendo colhidos hoje pela Associação Sul são decorrentes, em boa parte, das sementes lançadas nas visitas semanais que a missionária e o pastor Nelson Alves dos Santos realizavam às igrejas e missões, viajando de ônibus e percorrendo estradas sem asfalto. Enquanto o pastor Nelson visitava as igrejas de uma região, a missionária Esther visitava em outra região. Agradeceu ainda a participação da irmã Esther com o PAM de Missões Estaduais contribuindo mensalmente para a expansão do evangelho em nosso estado. Após a leitura bíblica e oração, o presidente da CBSM fez a entrega da placa, e a funcionária Geise Dantas Castelo, a entrega de uma lembrança.
A missionária Esther Ergas manifestou a sua gratidão pela homenagem recebida afirmando que continuará orando pela liderança da CBSM, pelas associações, igrejas, pastores e pela expansão do evangelho em nosso estado, onde passou a maior parte de sua existência.
Linda história de vida
Esther Gomes Ergas nasceu no dia 4 de julho de 1930 em Caxambu (MG), de onde seus pais Moises Ergas e Ivone Gomes Ergas saíram para morar no Rio de Janeiro. Esther conta que seu pai, judeu nascido em Jerusalém, veio para Minas onde se casou.
“Minha mãe teve cinco filhos, sendo quatro meninas e um menino, sendo eu a segunda filha. Tivemos sempre o necessário para viver”, relata a missionária.
Nessa época a família de Esther não era crente. Ela conta: “Meu pai sendo judeu tinha preocupação de ensinar os princípios da Palavra de Deus, falando da vida dos grandes homens do Velho Testamento, como Moises, Abraão, Jacó etc. Frequentava a sinagoga e levava com ele os filhos”.
Sua família mantinha amizade com umas famílias judias, comemorando as datas importantes da lei judaica, como o Purim, o dia de jejum, passando o dia todo na sinagoga, até a quebra do jejum. Ela lembra que as cerimônias eram lindas e “a reverência, o respeito, o silêncio eram coisas que muito impressionavam. Tenho boas recordações da infância”, relata.
Conversão
Quando Esther estava com 10 anos, sua família mudou-se perto de uma família metodista muito crente, que conseguia levar os vizinhos para a igreja.
“Avisaram minha mãe que todos que vão morar lá, passam a ser crentes. E graça a Deus isso aconteceu”, conta a missionária. Após alguns anos de convivência e de evangelização, a mãe de Esther se converteu. Foi uma daquelas conversões marcantes, impressionantes.
Aos 13 anos, morando em outro bairro próximo à Igreja Batista, dirigida pelo pastor Ricardo Pitrovisky, Esther também se converteu e passou a ter um desejo fortíssimo de que Deus salvasse seu pai. “Ele não ia a nenhuma igreja evangélica, mas não impedia a família de ir”, relata a missionária. A essa altura Esther Ergas orava muito pela conversão do pai e pedia a todo mundo que orasse por isso. Ela era muito insistente com Deus, não aceitava que ele permanecesse sem Jesus.
Esther tinha 15 anos, quando seu pai adoeceu e seu clamor era constante e intenso. Quando o senhor Moises Ergas estava à morte, ele falou para sua esposa: “Hoje, reconheci Jesus como Salvador e Senhor, como o Messias”. Dona Ivone logo transmitiu aos filhos o fato tão confortador e toda a família se converteu. “Minha mãe foi muito dedicada, teve vida com Deus muito intensa,” conta a missionária.
Os estudos
Esther Ergas conta que antes de completar 15 anos foi estudar no Seminário Betel, onde cursou o 2º grau e matérias Bíblicas. “O diretor era o pastor José de Miranda Pinto, homem que conhecia muito bem Deus e transmitia na prática esse conhecimento. Não foi difícil desenvolver uma vida cristã sólida dessa forma”, conta a missionária.
Aos 19 anos, Esther concluiu o curso de Educação Religiosa. Precisava trabalhar e estudar para ser auxiliar de enfermagem. Conseguiu cursar e concluir o curso, estagiando em vários hospitais. “Gostei muito da enfermagem. Tive oportunidade para seguir carreira, trabalhar particularmente com médicos como instrumentadora, mas o ardor por ser missionária era muito grande”, afirma Esther Ergas . Aos 22 anos de idade desejava servir exclusivamente a Deus.
Chamado
“Meu chamado aconteceu de forma natural, sem nenhuma experiência marcante. Uma inclinação, uma vocação para trabalhar para Deus. Evangelizava muito, em todo lugar, a todas as pessoas. Nos hospitais onde estagiava, tive muita oportunidade de falar aos enfermos”, relata a missionária.
Em julho de 1952, Esther Ergas veio para Mato Grosso. “Pastor Gleen Bridges foi à minha casa e me falou que em Amambai havia uma Escola Batista dirigida pela missionária americana Ana Wollerman e que essa missionária precisava muito de moças na escola e também para ajudá-la na igreja”, conta Esther.
Ela aceitou a proposta e se encontrou com Dª Ana em Ponta Porã, “de onde fomos para Amambai, onde estava a escola que ela dirigia. Antes desse encontro com Ana Wollerman em Ponta Porã, viajei do Rio de Janeiro com a família Bridges para Campo Grande”, relata a missionária.
Em Amambai Esher se preparou muito para lecionar. Dava aulas o dia todo e a noite ocorria alfabetização de adultos. Ela conta que havia também evangelização na aldeia dos índios, evangelização na cidade, evangelização nas casas, ponto de pregação. “Era tudo que eu desejava. Estava me sentindo realizada. Podia exercer minha profissão de enfermeira, servindo ao povo que precisava”, conta a missionária.
Esther Ergas assumiu a direção da Escola Batista quando Ana Wollerman veio para Campo Grande para ser a secretária executiva da Junta Estadual. Foi uma época de grandes alegrias, um tempo muito feliz, relata a missionária.
“Era uma alegria ver os convertidos se batizando no rio. Era sempre uma festa, na qual cantávamos os hinos e ouvíamos a Palavra e orações”, relata Esther. Na Escola Batista havia evangelização todos os dias. As histórias bíblicas eram contadas em flanelógrafos, “onde ensinávamos versos bíblicos e cantávamos muitos cânticos infantis para evangelizar as crianças. Nunca saberemos o alcance espiritual, o verdadeiro resultado desse esforço tão lindo”, afirma.
Trabalho árduo
Após cinco anos atuando em Amambai, Esther Ergas seguiu para Jaciara, onde Ana Wollerman havia aberto uma Escola Batista e havia construído um templo. A cidade estava sendo construída. A missionária permaneceu em Jaciara cinco anos e de lá seguiu para Rondonópolis, onde ficou mais cinco anos dirigindo a escola batista local. Nesse mesmo ritmo, a pedido do pastor Charles Compton, a missionária foi para Rio Verde abrir a escola batista.
O trabalho de Esther Ergas prosseguiu em Dourados, em companhia da missionária Ana Wollerman. Sobre esse período de cerca de três anos, ela conta maravilhas: “Coisas surpreendentes, marcantes, que nunca havia visto, estavam acontecendo. Muito quebrantamento, confissão, arrependimento, acerto, reconciliação. A obra era unicamente do Espírito Santo”. A missionária conta que rompeu um grande avivamento espiritual, na década de 1970. “Perduraram aquelas manifestações até 1981”.
Paranaíba e Cassilândia também fizeram parte do roteiro de moradias de Esther Ergas que realizou um trabalho abençoado na região leste do estado.
Despedida
Sobre o trabalho que a CBSM realiza atualmente, a missionária destaca que “está maravilhosamente abençoado por Deus. É de se admirar como o presidente Ivan Araujo Brandão pode se encontrar presente em todos os eventos. A gente pode sentir o Espírito Santo dirigindo, esclarecendo, iluminando”.
Na despedida em dezembro passado, Esther Ergas afirmou: “Estou saindo do Mato Grosso do Sul certa de que esta é a vontade de Deus. Depois de tudo que experimentei de Deus – proteção, direção, segurança, provisão – o que posso dizer se não confiar em Deus!”.
A Ele, portanto, todo o louvor, glória, honra e soberania. Amém!
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