Tive o privilégio de ser um dos oradores durante a 65ª Assembleia da CBSM, realizada em Corumbá no último mês de outubro, ocasião em que, também, celebramos o Centenário do trabalho batista em nosso Estado. Por ser corumbaense (da gema), ali convertido ao Senhor e enviado ao Seminário (FTBOB), exercido todo meu ministério em terras mato-grossenses e sul-mato-grossenses, recebi tal privilégio como um presente, mais do que pela competência diante da tão grande responsabilidade. Tanto é verdade que, em minha fala (usei como tema o título deste artigo) confessei que se tratava mais de um desabafo do que propriamente uma mensagem.
Por que desabafo?
Por se tratar de um assunto que há muito me incomoda e, de certa forma, indigna. Como é possível um pastor ou uma igreja batista se omitir do envolvimento denominacional, sendo que ambos, pastor e igreja, somos frutos de um projeto biblicamente coerente de expansão do Reino de Deus aqui neste mundo? Ou será que minha história e da igreja que hoje pastoreio, PIB de Maracaju, é diferente da história da grande maioria dos pastores e igrejas no Mato Grosso do Sul? Ou seja, que não somos obra do acaso! Não me tornei pastor por conta própria e nem a minha igreja o é por “produção independente”. Conto hoje, mercê a Graça de Deus, com 26 anos de ministério pastoral. A PIB de Maracaju com quase 32 anos.
Como chegamos até aqui?
Chegamos graças a esse projeto de cooperação, instrumento usado por Deus, para nos dar os suportes necessários até que chegássemos à maturidade. Quantos homens, mulheres e igrejas nos estenderam as mãos nessa nossa história. Pagaram alto preço financeiro, material, físico, emocionai, a fim de cumprirem os propósitos desse Projeto com relação ao meu chamado e à plantação e consolidação da igreja nesta cidade.
E, ainda hoje, sentimo-nos fortalecidos por essa cooperação, pois recebo, como pastor, possibilidades de aperfeiçoamento através de congressos, seminários, retiros e apoio pessoal e espiritual por parte da Ordem dos Pastores e convívio denominacional, e a igreja também recebe essas possibilidades, além da oportunidade de cumprir o “ide por todo mundo” através da cooperação missionária e do preparo de obreiros pelos Seminários.
Talvez alguns argumentem que as lideranças desse projeto, no decorrer da história, têm cometido erros, ou que precisam de liberdade para ser pastores e igrejas com independência.
Quanto aos erros, eles continuarão a acontecer, assim como eu os cometo no exercício do ministério e a igreja local em seu papel de gestora dos interesses do Reino de Deus aqui neste mundo. Com relação à liberdade, não existe qualquer denominação evangélica que possibilite mais liberdade aos pastores e igrejas do que a nossa. O problema é quando confundimos autonomia com independência. Somos interdependentes. Precisamos uns dos outros. É isso que observamos no Cristianismo do Novo Testamento (II Cor. 8 e 9).
Essa história precisa continuar. Não a história de uma estrutura, da bandeira de uma denominação. Mas a história de um projeto, que se traduz em uma cooperação altruísta, despersonalizada, cujo único interesse é somar forças para que o Evangelho de Jesus Cristo alcance cada habitante do nosso querido MS e igrejas sejam plantadas e fortalecidas. Somos devedores, não apenas ao passado, mas, principalmente, ao futuro dessa história.
Pastor titular da
Primeira Igreja Batista de Maracaju
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