Mas nem uma palmadinha?
Esta foi a manchete de capa, recente, de uma de nossas revistas semanais. O objetivo é chamar a atenção para o fato de que, partindo de uma lei, os pais não poderão mais dar palmadas em seus filhos, a título até de sofrerem sansões e condenações judiciais, pois afinal de contas agora serão vigiados por lei. A ideia é até boa, pois se deseja prevenir a violência contra a criança. Mas será esta a saída? Sabemos que não. A saída ou a questão principal é muito mais profunda, passa pelo processo de formação e educação dos pais ou cuidadores de nossas crianças. Que concepção, que compromisso têm essas pessoas, primeiramente consigo mesmas e depois com aqueles que estão sob a responsabilidade delas?
A Bíblia nos ensina que devemos chegar a vara em nossos filhos, mas essa vara é a ideia de algo que seja para educar e ensinar quando necessário, de uma forma mais incisiva, mas também nos diz que é somente enquanto se está no processo de crescimento, adequado para este fim. Ninguém nasce sabendo viver. Não somos como os outros animais programados em nossos instintos. Somos influenciados e moldados pelo processo educacional a que fomos e somos expostos. Estamos sempre num vir a ser, num vir a tornar-se algo ou alguém e isso é maravilhoso. Mas o tipo de pessoa que nos tornaremos dependerá e muito da educação que recebemos.
Cada pessoa é única. Podemos passar pela mesma escola, sofrer o mesmo processo educacional, mas nosso aprendizado e formação é individual. As marcas sofridas ao longo de nossa formação, mesmo que coletivas, nos afetam individualmente.
Quando estamos como nação, refletindo essa questão de dar palmadas ou não em nossas crianças, causa preocupação, pois não considero esta uma questão política para que seja discutida e se chegue ao ponto de ser liberada ou proibida. Penso ser esta uma questão familiar, íntima. Tem que partir do pensamento e filosofia adotada pelos pais que cuidarão de seus filhos. Como cristãos, seguiremos o nosso manual que é a Bíblia. Ela nos traz inúmeros ensinamentos sobre a educação pessoal e de nossos filhos também.
A Bíblia em Provérbios nos traz a ideia de que podemos e devemos chegar a vara em nossos filhos, mas com o foco de educação, isso para que não se tornem motivo de vergonha, porém mais que isso. A todo tempo ela nos aconselha a buscarmos a sabedoria para viver, nos mostra que uma criança deixada a si mesma não dá boa coisa e que os filhos devem obedecer aos seus pais e honrá-los. Mas também nos adverte que como pais não devemos educar os nossos filhos a ponto de os levarmos à loucura, ou à raiva, com tantas cobranças, regras e obrigações aos nossos olhos excelentes, mas que podem ser exageradas e, na grande maioria das vezes, não passarem de pontos de vista e desejos pessoais.
Dar palmada ou não, chegar a vara em nossos filhos, dependerá da forma como for feito, com violência ou não. Se a ideia é diminuir a violência doméstica contra a criança, o motivo é justo, mas legislar sobre a educação de nossos filhos está ultrapassando limites. Pelo temor da punição, pode ser até que muitos deixem de praticar a violência, porém, o que tem que acontecer é uma mudança de mentalidade, de coração, para que os atos e as atitudes sejam coerentes, e isso, sabemos, acontece somente quando o indivíduo se deixa ser movido por uma força maior, que vem do Espírito Santo de nosso Deus.
Lúcia Siqueira
0 comentários