“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm. 8.29).
No texto de Romanos, observamos que o propósito eterno de Deus é ter uma família numerosa, com muitos filhos iguais a Jesus. (…). Jesus é apresentado como o primogênito; em outras palavras, o primeiro filho, “entre muitos irmãos”.
Porém, apesar da grande quantidade de filhos, Deus estabelece um padrão: seus filhos devem ser idênticos a Jesus. Jesus é o nosso padrão. Pelo menos em posição espiritual, todos somos vistos por Deus como sendo perfeitos em Cristo. Deus sabe, todavia, que esse fato deve se tornar nossa experiência, agora.
Para que o alvo de Deus seja concretizado, Ele elaborou um projeto específico. O seu projeto consiste em os ministérios serem constituídos na Igreja com o fim de levar os santos à maturidade.
A intenção de Deus é formar as vidas. Formar é muito mais do que simplesmente ensinar algumas verdades, sem sequência didática, uma ou duas vezes por semana. Formar significa dar forma a uma matéria ainda informe. É como se pegássemos o barro e formássemos nele a estrutura do vaso.
Talvez, um dos grandes problemas das igrejas da atualidade seja a falta de objetivos definidos nos trabalhos realizados. Essa falta de objetivos caracteriza uma omissão dos ministérios em sua função de formar vidas. Essa omissão se dá em função da fraca realidade de vida de muitos líderes, e também porque, na maioria das atividades, o alvo é simplesmente agradar e distrair a congregação.
Eu diria que qualquer obra que é feita sem a intenção específica de formar o povo de Deus, levando-o a se assemelhar com Jesus, é tremenda perda de tempo. Nós, líderes, devemos ser coerentes com a nossa missão definida por Jesus. O nosso propósito é levar a igreja a se parecer com Jesus, e isso paulatinamente (II Co. 3.18).
Para que se possa executar a vontade de Deus de maneira plena é fundamental que se conheça o Seu modelo profundamente. O modelo de Deus é o Senhor Jesus Cristo (I Pe. 2.21). Quando falamos do conhecimento de Jesus, nos referimos a alguma coisa muito maior do que o simples conhecimento dos evangelhos; significa a revelação Dele no meu interior e a Sua manifestação na experiência prática. Eu não posso levar ninguém a um lugar que eu mesmo ainda não fui. Para formar, eu preciso então, conhecer profundamente o modelo que eu vou usar.
É nesse ponto que entra o princípio do discipulado. Não existe nenhum outro meio eficaz que nos permita formar vidas se não o discipulado. Formar exatamente conforme a imagem de Cristo. (…)
O nosso padrão então é Jesus, e discipular é passar vida, a vida de Cristo. É transferir para o outro o mesmo nível de maturidade que se tem em Deus – não mais que isso. Mas se pensarmos que ninguém jamais alcançou o padrão de maturidade de Jesus, o discipulado se torna uma utopia em nossos alvos, o que não é verdade, uma vez que seria extremamente incoerente se Deus exigisse algo impossível aos seus líderes, se de fato fosse impossível chegar à maturidade do cárter de Jesus.
O próprio apóstolo Paulo se coloca como exemplo a ser imitado. Podemos dizer, então, que Paulo se parecia com Jesus, já que ele disse que a função dele era levar o povo à estatura de Cristo. Contudo, Paulo continuava sendo homem, sujeito aos mesmos pecados comuns a todos nós.
Observamos que o método de Paulo era levar seus discípulos a imitá-lo. É por isso que eu só posso passar aquilo que tenho. Temos visto que o processo de imitação e identificação é comum na relação de discipulado, e eu diria até mesmo que é necessário que isso ocorra a priori, como condição, para que o discipulado aconteça.
Temos visto alguns que imitam seus discipuladores na forma de pregar, orar e de viver. Isso é muito bom. O que deve ficar claro então é que o padrão é Jesus, e o padrão deve primeiro estar presente na vida do discipulador, já que o discípulo será o seu imitador. (OLIVEIRA, Elvis. Discipulado Fácil. Fortaleza, Premius, 2010, 128 p. Págs. 43-46).
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