De quem é a culpa pela falência da Saúde?

por out 30, 2013Notícias0 Comentários

SAÚDE E CIDADANIA
Luiz Ovando (*)

O homem ao nascer é dotado de direitos existenciais inerentes à sua condição. São dotes divinos. Nada justifica a sua perda.  Somos dotados de liberdade, razão, consciência, ou seja, capacidade de discernimento de como agir melhor para total e completa interação entre os semelhantes visando desenvolvimento de suas potencialidades e, finalmente, saúde, que é a expressão de equilíbrio biológico com exteriorização de bem estar e satisfação. A saúde é abrangente e não se limita à área biológica, mas também ao psiquismo e social.

Ultimamente temos assistido a decisões governamentais na área da saúde buscando suprir falta de médicos em cidades do interior do país. Importou-se um número significativo de médicos acreditando que com essa medida resolverá o problema atual de precariedade na saúde que, conforme o artigo 196 da Constituição Federal, é direito do cidadão e dever do estado.

A mensagem que o governo passa é que a culpa pela falência da saúde é dos médicos que não querem ir ao interior. Não podemos nos esquecer de que o sistema adotado pelo país é o capitalista e vale quem tem dinheiro. Isso significa que o médico só vai ao interior se for mantido pelo governo, atitude tomada agora de forma açodada mas que não traz qualquer possível melhora na logística assistencial. Não há hospitais equipados com o mínimo necessário e quase nada está sendo feito nessa direção, e os médicos que para lá vão serão apenas agentes triadores e encaminhadores para centros maiores que já estão sobrecarregados pela inércia e inépcia governamental de anos. Além disso, os médicos que aceitam essa condição não passam de aventureiros porque não há plano de cargo, carreira e salários, e o projeto do Conselho Federal de Medicina para se criar carreira de estado, à semelhança do Judiciário, foi abandonada e negligenciada pelos atuais governantes.

Outro aspecto importante e irresponsável é a atitude do governo de estimular a criação de novas escolas médicas, enganando a população de que o aumento do número de médicos resolverá o problema. Continuarão nas cidades porque não há atrativos para o interior. Não há professores de medicina que possam fazer frente à demanda do excessivo número de faculdades de medicina, que chega a mais de 203 escolas até a presente data. O curso de medicina está sendo transformado em curso teórico e logo teremos escolas oferecendo curso de medicina à distância. Além disso, há no Brasil muitos clínicos que poderiam resolver o problema assistencial. Não se apresentam porque não há estímulo e a atividade no interior do Brasil é incerta e insegura pelas tendências políticas existentes. O governo ainda estimula o crescimento da especialidade e a desvalorização do clínico. Ninguém quer abraçar atividade sem reconhecimento social e sobretudo econômico, e o governo trapaceia quando faz esse alarde todo, enganando a população de que o problema será resolvido. A bem da verdade o governo reduziu o número de leitos hospitalares nos últimos 10 anos.

Quero ainda alertar que a assistência médica é uma das raízes da saúde. Há muitas outras como a prevenção, cuidado e responsabilidade no trânsito, lazer e conhecimento prático buscando integrar todos os conceitos e valores que interferem na resultante saúde.

Sendo assim, é importante entendermos que precisamos ser tratados como cidadãos pelo governo atual, ou seja, com dignidade e respeito e não com medidas tendenciosas à manutenção de poder político a qualquer custo, mesmo que esse preço seja o de doença e sofrimento crônicos. Não se pode acenar com meios de dissimulação dos reais elementos geradores da crise da saúde que estamos vivendo. A saúde é resultante de ação governamental, individual e da ciência colocada à disposição da sociedade e não simplesmente de médicos mandados ao interior para atender e recuperar o prestígio de seu governante e de um partido que estabeleceu governar o país a qualquer preço, por 20 anos. Isso não é direito universal, isso é engodo.


(*) Luiz Ovando é

Médico Clínico e Cardiologista
Membro da Comissão de Cidadania, Fé e Ação Política da CBSM

Publicitário, chefe do departamento de comunicação social e gestor de TI.
Anderson Solano

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