Somos apenas homens?
Jesus se aproxima de Pedro para lavar seus pés, Pedro afirma que isso nunca aconteceria. A mesma repulsa toma conta dele na visão que teve no telhado quando o Senhor lhe ordena que coma os animais impuros (At 10.11-14).
Os paradigmas pulverizados por Jesus não fez Pedro perder os limites. Quando Cornélio corre e se ajoelha diante dele, Pedro o impede: “Sou apenas homem como você (At 10.26b).
Ele poderia pensar que se o próprio Jesus lavou seus pés e, na visão recente, Deus o autorizou a não mais guardar a Lei, poderia sucumbir à tentação de sentir-se especial, ser venerado por um gentio. Afina,l se arriscaria a entrar em uma casa pagã, por que negar que ele, Pedro, possuía uma unção diferenciada?
Em Listra (At 14.11-18), Paulo e Barnabé sofreram a mesma tentação. Mas eles radicalizaram. Isso custou a Paulo mais um apedrejamento. Tudo por não cederem a um tratamento especial, não aceitaram adoração e sacrifícios. Quase morreram na tentativa de convencer o povo: “Nós somos apenas seres humanos, como vocês” (At 14.15).
Assim agiam os apóstolos, assim crê o princípio batista do sacerdócio universal. Relembremos nossas doutrinas bíblicas para reafirmar os valores da denominação; o exemplo dos apóstolos para reformularmos códigos de éticas; as profundas verdades da Palavra de Deus, antes de aplicarmos insitghs convenientes ou revelações contextuais. Os fundamentos da teologia contemporânea e do neoeclesiologismo que vão se adaptando e readaptando de acordo com as exigências do mercado gospel, se apóiam no resultado como fator validador da hermenêutica que é aceita como dogma exegético das “verdades”(?)
Motivações neurolinguísticas, metas, alvos desafiadores, gráficos de crescimento, etc. Que essas coisas já vêm substituindo as estratégias de Atos, os batistas sabem muito bem, pois muito contribuiu para esse “progresso”(?).
Bem, as igrejas aprenderam a investir em megas projetos, enquanto famintos dormem à sombra de suas construções usando os sacos dos cimentos como camas. Isso é suportável?; as igrejas conseguem manter reservas na poupança, enquanto não se alcança o alvo de missões e isso mantém milhares de almas na ignorância do evangelho. Isso é suportável?
Não sei. Como não sei se é suportável o ensino de que alguém possui unção especial por ser “bem-sucedido”; saber lidar com a mídia; personalidade dominadora; conseguir manipular as emoções; explorar a própria fé e a crendice do povo, ressuscitar superstições e hiper-valorizar textos isolados do AT. Por fim, o mais preocupante, é a aceitação ou exigência de honra e submissão dos subordinados.
Não somos apenas homem como vocês.
Tudo isso gera nos líderes e líderes em potencial um messianismo neurótico, e nos liderados, o comodismo da guarda e proteção de um guru com unção diferenciada!
Quem tem ouvidos para ouvir…
O que digo, digo-o sem a pretensão de dono da verdade, pois conheço meus espinhos e sei que sou sustentado pela graça imerecida.
Creio ser a verdade temperada com amor. Você batista, caracterizado pela disposição bereana, examine a Palavra na dependência do Espírito Santo. Nunca terceirize a ação do Espírito que age em cada um de nós.
Pr. Ramão Borba
Ministro de Relacionamento e Expansão da CBSM
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