Coluna Nosso Tempo: Os batistas e a política

por mar 15, 2011Notícias0 Comentários

Na descoberta do Brasil, a primeira providência foi fincar a cruz e celebrar uma missa. Conquista de novas terras era igual à expansão da fé e do império. A cruz e a espada, catolicismo e governos fiéis significavam um negócio rentável. A religião e a política neste País se vinculam intimamente desde a sua descoberta. A Igreja era ligada ao Estado no reino de Portugal e por extensão às suas colônias, no caso o Brasil.

Nós batistas continuamos avessos à política. Onde está o elo de repúdio a essa ciência inquestionável sempre emergente em qualquer grupo humano? Com certeza não está na Bíblia. Nos escritos sagrados vemos grandes líderes e políticos como Abraão, José, Moisés, Josué, Davi e Daniel. Exerceram o seu papel político sem se desviarem dos princípios e valores divinos e não negligenciaram o propósito de Deus em suas vidas. Certamente tiveram muitas tentações e, pela firmeza de seus valores e caráter, superaram adversidades de toda ordem, exercendo liderança de alto padrão. Essas atitudes são reflexos de quem tem consistência e fundamento firmados no conhecimento científico, social, teológico e experiência de vida com Deus. Eles acreditavam nas promessas divinas e não ficavam na mesmice expectante do poder sobrenatural, agiam e se tornavam vitoriosos.

Com a reforma protestante de Martinho Lutero, a Igreja Católica sofreu um duro golpe social, político e econômico. Quase toda a Europa, com exceção de Portugal, Espanha, Itália e parte da França, aderiu à reforma. Houve apoio dos governos, portanto político, e conseguiram se livrar dos pesados tributos impostos pela Igreja Católica. Isso fez com que a população despertasse para seu potencial e criatividade. Ao mesmo tempo os governos acumularam capital necessário para grandes empreendimentos comerciais e industriais. Há estímulo ao individualismo com ênfase na alfabetização. Surgem Universidades com avanço cultural dos países protestantes. É nesse cenário que floresce a sociedade americana onde há separação irreversível entre Igreja e Estado com defesa intransigente da liberdade de consciência, imprensa e segurança social.

Neste ano de 2011, faz 100 anos que os batistas fundaram a Primeira Igreja Batista em Corumbá, igreja a que pertenci e fui batizado na minha infância. O trabalho cresceu e hoje são mais de 250 igrejas no Estado. Temos progredido denominacionalmente. E na atividade social e política, como estamos? Continuamos com os ensinamentos deturpados da época do Império de que política é coisa do diabo. Esse pensamento foi difundido para a segurança dos missionários americanos que aqui chegaram. Havia na época forte domínio dos católicos nos rumos da política nacional e no governo imperial brasileiro, portanto era necessário se manter afastado do cenário político brasileiro. Política significa originalmente conhecimento, participação, defesa e gestão dos negócios da sociedade. A vida em sociedade é uma ação política. Nós somos cidadãos de dois reinos. Altar e trono têm propósitos e missões diferentes. Somos salvos para servir. Enterramos talentos, com grande prejuízo social, quando não desenvolvemos nosso lado político. Os governos existem para servir à população. Como denominação, temos feito muito pouco politicamente. História, aniversário e comemoração são oportunidades para rever rumos e estabelecer novos propósitos e projetos. Que tal considerarmos ter representantes políticos batistas em todas as esferas do poder em nosso estado? Agora é a hora!! Parabéns batistas sul-mato-grossenses pelos 100 anos de existência!

Luiz A. Ovando
Médico, Professor Universitário e Membro da Terceira Igreja Batista de Campo Grande-MS

Publicitário, chefe do departamento de comunicação social e gestor de TI.
Anderson Solano

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